Nem parece que Ilhéus possui prefeito, vereadores ou deputada. Do contrário, talvez as obras de construção do Departamento de Polícia Técnica (DPT) já tivessem saído do papel – de fato – e aliviado a situação de famílias que perdem entes tanto no município como na região atendida pela 7ª Coordenadora de Polícia do Interior (Corpin), sediada em Ilhéus.
O DPT da Terra de Gabriela começou a ser construído por uma empreiteira que faliu e o Estado não deu conta dos procedimentos burocráticos para que a obra não sofresse paralisação por tanto tempo. À leniência do governo Jaques Wagner, o leitor pode somar a falta de iniciativa dos políticos ilheenses. A toda e qualquer morte violenta que ocorra em Ilhéus o corpo da vítima precisa ser levado para o DPT de Itabuna, para passar por necropsia.
Trata-se de uma via-crúcis em que a maioria das famílias não tem direito nem a velar o corpo do pai, irmão, filho ou parente. Primeiro, o corpo leva até um dia para ser encaminhado a Itabuna, onde se aguarda mais outro período para o trabalho dos legistas e, depois, liberação para sepultamento.
Quem cobre plantões policiais ou acompanha um drama desses profissionalmente não tem como não se comover com o drama dessas famílias. E ficar indignado com esse descaso absurdo dos políticos locais e do governo baiano. Para completar, 42% das necropsias feitas no sucateado, esquecido DPT de Itabuna são encaminhadas pela regional de Ilhéus.
E um lembrete: se os mortos não dão voto, pensem nos vivos que ficam – e votam.
Fonte: Pimenta na Muqueca
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